Ao contrário dos Orixás que nunca se incorporam na
Terra, as Entidades Espirituais, também chamadas Guias Espirituais, por suas
vezes, têm a faculdade e o dom de incorporar no ser humano, através dos médiuns
desenvolvidos.
Os Guias Espirituais de Umbanda são seres de Luz
dispostos a nos guiar durante uma ou mais encarnações, orientando, intuindo,
auxiliando e protegendo. Tudo a fim de nos ajudar a cumprir os objetivos
traçados antes do nosso reencarne e sempre em prol da nossa evolução
espiritual, conforme as nossas reais necessidades evolutivas e o nosso
merecimento. Trabalham sempre nas curas, na desobsessão, na tranquilização dos
filhos acometidos de problemas inquietantes, assim como na abertura e proteção
de nossos caminhos. Via de regra estas entidades são chamadas à Terra pelos
pontos cantados e ao som de atabaques, o que acontece na maioria das Casas
Espíritas, especialmente nos Centros de Umbanda e Candomblé.
Todos nós temos Guias Espirituais, independente da
nossa religião, variando apenas a denominação que as religiões dão a esses
abnegados benfeitores.
EMMANUEL disse: “A mesma bondade infinita que nos
socorre nos santuários espírita-cristãos, é a mesma que se expressa nos Templos
de outra feição interpretativa da Divina Idéia de Deus”.
Portanto, um Guia Espiritual é sempre, e por
definição, mais elevado do que os médiuns e aqueles a quem veio orientar e
amparar.
Na Umbanda, os Guias são espíritos humanos que
passaram por várias encarnações, buscando conhecimentos e utilizando-os sempre
para o bem, assim adquirindo sabedoria e merecimento perante o Criador e as
Leis da Criação. Por trás desses modelos criados (roupagem) e suas formas
plasmadas, vamos encontrar espíritos e seres de variados graus de conhecimento
e evolução, e que continuam estudando, trabalhando e se aprimorando, pois
prosseguem nas suas evoluções.
Os Guias de Umbanda não “exibem” seus títulos, dons
e conhecimentos. Têm o ideal de ajudar aos irmãos necessitados e se enfileiram
nas diversas Linhas de Trabalho da Umbanda, manifestando-se com as
características dos respectivos arquétipos. Por terem alcançado certo grau de
desenvolvimento, mostram-se através dos médiuns com determinada forma plasmada,
ou seja, moldam seus corpos espirituais com suas aparências. Usam o modo de
falar, o gestual e os elementos característicos da Linha que representam,
porque estão autorizados a fazê-lo.
Muitas vezes deixam de lado nomes ilustres que
tiveram em determinada encarnação, para apresentar-se com o nome genérico da
Linha, numa forma silenciosa e profundamente bela de nos ensinar o desapego e a
fraternidade.
Também chamada de Povos da Umbanda, as Linhas de
Trabalho da Umbanda foram idealizadas no Astral Superior por seres de grande
elevação moral e espiritual. O objetivo das Esferas Elevadas era socorrer a
humanidade, que vinha atravessando períodos de atraso e negatividades como
escravizando seus irmãos por conta de ambições e preconceitos injustificáveis;
pela cobiça e o apego material excessivos; por atos de crueldade e desprezo aos
valores espirituais.
Cada Linha recebeu grupos de seres e espíritos
afins, já portadores de um determinado grau de elevação espiritual, que os
habilitavam a atuar em áreas especificas. Com o tempo, outros seres e espíritos
foram e continuam sendo admitidos, aumentando os seus quadros e potencial de
ajuda.
Os Guias nos sugerem bons pensamentos, palavras e
atitudes, inspirando-nos sempre para a prática do bem. Ouvem nossas queixas e
nos estimulam a buscar soluções, sem deixar de trazer consolo e esperança para
os nossos momentos de aflição.
Quando necessário falam com severidade e nos
alertam para a necessidade de revermos e corrigirmos pensamentos e atitudes
negativas que nos afastam do caminho da Luz.
Por sua elevação e nobreza, não ficam conosco
durante todo o tempo. Até porque isto atrapalharia o nosso progresso
espiritual. Não podem fazer por nós o que é tarefa nossa. Quando nos omitimos
em buscar conhecimentos e soluções, ou quando insistimos numa conduta
inadequada a nossa evolução, assumimos perante a Lei e a Justiça Divinas as
conseqüências disso. E os Guias não podem interferir em nosso livre arbítrio.
Depende de cada um de nós a busca e o desenvolvimento da fé, da autoconfiança,
e da autoestima. Isto alcançaremos a partir do autoconhecimento e pela
aquisição de sentimentos e pensamentos mais puros e de cultura nobre. Eles nos
ensinam sem alarde, pelos seus exemplos de fé, paciência, humildade, dedicação,
determinação, coragem, perseverança, carinho e tantas outras virtudes que já
adquiriram através de suas evoluções.
Os Guias Espirituais das Linhas da Umbanda mais
atuantes são: Pretos-Velhos, Caboclos, Crianças, Baianos, Boiadeiros, Ciganos,
Malandros, Marinheiros, Sereias, Exus e Pombagiras.
Devemos amá-los, respeitá-los e compreender que não
é tarefa deles nos carregar nos ombros e nem fazer “mágicas” que resolvam
nossos problemas.
O compromisso dos Guias Espirituais perante o
Divino Criador, a Lei e a Justiça Divinas é apenas o de nos orientar e
estimular, para percebermos que nós mesmos somos capazes de desenvolver nossas
potencialidades e, através delas, encontrar as soluções para as nossas
dificuldades do momento.