4ª Aula - ORIXÁS NA UMBANDA SAGRADA




Ori (cabeça) e Xá (guardião) são uma força viva da natureza, por vezes confundido com os elementais que se afinizam com suas vibrações. São princípios ativos, espíritos evoluídos de um plano astral superior denominado ARUANDA, que na Terra, representam as forças da natureza.
Os Orixás foram criados por DEUS ( ZAMBI, OLORUM) para representar todos os seus domínios aqui na Terra. Segundo a cultura religiosa afro-brasileira, ZAMBI, OLORUM criou os Orixás e deu a cada um deles uma incumbência de domínio sobre o firmamento, a terra, o mar, os rios, as cachoeiras, as montanhas, as florestas, os trovões e os raios, as folhas e os frutos. Ao contrário das Entidades Espirituais que se incorporam nos Médiuns, os Orixás são qualificados como Divindades da Natureza, atuando como Comandantes das Falanges dos Espíritos de Luz que trabalham na Terra a serviço da espiritualidade. Os Orixás são mistérios individualizados do Divino Criador, são Divindades, Tronos Sagrados distribuídos por toda a Sua criação. São manifestações das qualidades Divinas e por não terem vivido na Terra, não incorporam nos médiuns.
Sete são as vibrações originais. Sete são as linhas da UMBANDA (cristalina, mineral, vegetal, ígnea, aérea, telúrica, aquática) que se desdobram em quatorze Orixás, sendo sete os ORIXÁS UNIVERSAIS e sete os ORIXÁS CÓSMICOS que se afinizam um ao outro criando suas irradiações próprias. Todas as divindades irradiam a fé. Como tudo se polariza em dois tipos de magnetismo, pólo positivo e pólo negativo, cada Orixá tem um correspondente que se contrapõe, ou seja, atua no pólo oposto. Não estamos dizendo que existem Orixás exclusivamente negativos e sim Orixás que atuam no pólo negativo do magnetismo, irradiando seus aspectos positivos na linha do bem.
ORIXÁS UNIVERSAIS
OXALÁ- no sincretismo religioso simboliza JESUS. Representa a paz universal, o amor ao próximo e o perdão eterno aos inimigos. A fé é o atributo principal de OXALÁ. Seus filhos usam guias de contas brancas e costumam usar espada de prata e cetro de prata enfeitado com guizos e uma esfera com uma pomba na ponta. Seu símbolo é uma pombinha branca que abre suas asas sobre a humanidade, lançando no coração de cada filho a energia do amor, da união, e da fé. Nos pontos riscados é representado por uma estrela de cinco pontas ou pentagrama.
Seus metais são a prata e a platina. Suas pedras são o diamante, a esmeralda, o marfim.
Seus perfumes são o lírio, alfazema, colônia, cálamo aromático. Seu talismã são fios de miçangas brancas leitosas lavadas em água de lírio branco. Sua oferenda é canjica branca cozida com caldo, que deve ser colocada em um prato branco com pedaços de rosas; velas brancas, frutas, coco verde, mel e flores. Os locais para as oferendas são bosques, campinas, praias limpas, jardins floridos. Rege o chacra coronário estando relacionado ao corpo mais superior do espírito, o sétimo corpo espiritual, o corpo átmico, segundo o setenário espiritualista. Suas vibrações ocorrem na energia espiritual.
Água de Oxalá para lavagem de cabeça (amaci): água de fonte com rosas brancas e folhas de manjerona maceradas e curtidas por 24 horas. O Orixá que se contrapõe é OIÁ. Dia da semana domingo. É homenageado em 25 de dezembro.
OGUM---é o Orixá das guerras, das batalhas, das demandas. É o deus do ferro (ferreiros) da guerra (militares) e da tecnologia (engenheiros). Comandante de um numeroso exército que luta para defender os mais fracos e as injustiças sociais. Patrono das artes manuais, cujos utensílios usados são de ferro.
Na mitologia africana, Ogum é um homem que deixa a casa de Oxalá para viver aventuras da guerra, pelas quais se sentia bastante atraído. Casou-se com Iansã, passando a habitar entre os homens, sempre envolvido com as grandes batalhas.
Ogum pode se manifestar em diversas modalidades, linhas e falanges, conforme o ritual executado: da água, das almas, falanges cruzadas, da terra e da linha dos Caboclos: Ogum Megê, Ogum Naruê, Ogum da Ronda, Ogum Sete Espadas, Ogum Beira Mar e outros.
Suas cores são o azul escuro, o verde e o vermelho. Os filhos de Ogum usam guias com contas na cor azul escuro ou verde com riscos azuis. Sua saudação na casa é Ogunhê.
A oferenda para Ogum é sete acarajés fritos, com sete palitos em cada bolinho, que deve ser colocada em estradas.Também são oferendas a Ogum velas brancas, azuis e vermelhas; cerveja, vinho tinto licoroso; flores diversas e cravos, depositados nos campos, caminhos, encruzilhadas.
Os banhos de Ogum variam de acordo com a necessidade do assistido (consulente) e servem para descarrego, abre gira, desmanche de trabalhos e abertura de caminhos.
No sincretismo religioso Ogum é representado por São Jorge na Umbanda e Santo Antonio no Candomblé. Rege o chacra umbilical. Está na posição vibratória do corpo astral, das emoções fortes e passionais. Energia eólica (ar). Água de Ogum para lavagem de cabeça (amaci): água de rio com folhas de pinheiro maceradas e curtidas por sete dias. O Orixá que contrapõe é IANSÃ. Dia da semana: terça-feira. É homenageado em 23 de abril.
OXÓSSI---é o Senhor das Falanges dos Caboclos, e comandante dos índios e boiadeiros. Amigo inseparável de Ogum é o Deus das matas e da lavoura, um grande conhecedor da medicina natural. É o Orixá que traz o alimento da fé e do saber religioso para os espíritos menos iluminados como também para os iluminados. Oxóssi está na fé e no amor, pois nos estimula a conhecermos as coisas do amor, aprendermos a amar o próximo e a nós mesmos. É o Guardião dos mistérios da natureza, sendo vegetal de magnetismo irradiante e guardião dos segredos medicinais das folhas. Sua principal cor é o verde leitoso, por ser o protetor das matas. Suas outras cores predominantes são o vermelho e o azul turquesa. Os filhos de Oxóssi usam guias de contas azuis turquesa ou verde leitoso e vermelha.
Sua oferenda é moranga cozida e deve ser entregue ao pé de uma árvore jovem em uma mata. Velas brancas, verdes e rosa; cerveja, vinho doce e licor de caju, flores do campo e frutas variadas, tudo depositado em bosques e matas. Seus banhos servem para proteção e prosperidade. No sincretismo religioso é representado por São Sebastião. Relaciona-se ao chacra esplênico que é o harmonizador das energias da aura. Água de Oxóssi para lavagem de cabeça (amaci): água da fonte com guiné macerada e curtida por três dias. O Orixá que contrapõe é OBÁ. Dia da semana: sexta-feira. É homenageado em 20 de janeiro.
YEMANJÁ---é considerada o princípio de tudo no universo. Reina sobre todas as águas do mar e suas areias. Está associada ao elemento feminino, à lua, às marés. Representa a sensibilidade e a emoção. Conhecida como Sereia do Mar e Mãe D’água tem por todo o Brasil e pelo mundo milhões de adeptos que pedem por sua proteção. Protetora de todos aqueles que trabalham no mar e dele tiram seu sustento. É também a Deusa do Equilíbrio, da Ordem e da Maternidade. De temperamento agitado, Yemanjá é igual às ondas do mar: às vezes é violenta, às vezes é tranqüila e doce como a brisa do amanhecer. Suas cores são o azul ou o verde claro e o branco. Seus filhos usam guias de contas de cor branca, azul e verde claro.
Suas oferendas são melancia, pétala de rosa branca, mel, velas brancas, azuis e rosas, canjica, champanhe, calda de ameixa ou de pêssego, manjar, arroz-doce e melão, pulseiras, colares, perfume e dinheiro, que habitualmente são colocados nas praias.
Seus banhos são de proteção pessoal e para os negócios. No sincretismo religioso Yemanjá representa Nossa Senhora da Glória e Nossa Senhora dos Navegantes,
Relaciona-se com o chacra frontal. Suas vibrações ocorrem na energia mental. Água de Yemanjá para lavagem de cabeça (amaci): água de fonte com pétalas de rosas brancas e erva cidreira maceradas e curtidas por sete dias. Dia da semana: sábado. O Orixá que contrapõe é OMULU. É homenageada em 31 de dezembro.
XANGÔ---Senhor das Guerras, é o Orixá da Pedreira, do Trovão e da Justiça. Protetor dos juízes, advogados, burocratas. Xangô é justo com os justos e violento com os maus. Coordena toda a lei kármica. O dirigente das almas, o Senhor da balança universal, aferindo nosso estado espiritual. Seus pontos cantados são sérias invocações de imagens fortes e nos levam sempre aos seus sítios vibracionais como as montanhas, as pedreiras, e as cachoeiras. Xangô é a força coesiva que dá sustentação a tudo. Ele está na natureza como o próprio equilíbrio. Tanto na estrutura de um átomo quanto no Universo e em tudo que nele existe. Xangô gosta de patrocinar grandes festas com muita comida e bebida. Para o contexto umbandista, Xangô é morador no alto de uma colina, em uma pedreira. Ele carrega o Livro Sagrado (as Escrituras) e as Sete Chaves da Sabedoria. Um leão feroz está sempre ao lado de Xangô. Suas cores são o branco e o vermelho. Seus filhos usam guias de contas brancas e vermelhas. A oferenda de Xangô são 2l quiabos fervidos colocados em pé numa papa de farinha de mandioca com azeite; velas brancas, vermelhas e marrom; cerveja escura; vinho tinto doce e licor de ambrosia; flores diversas, tudo depositado em uma cachoeira, montanha ou pedreira. Seus banhos também variam de acordo com a necessidade dos assistidos (consulentes) e servem para proteção, descarrego e justiça (defesa). Xangô representa São Jerônimo no sincretismo religioso. Está relacionado ao chacra cardíaco, corpo mental inferior ou concreto, traduzindo em justiça, equilíbrio e verdade. Água de Xangô para lavagem de cabeça (amaci): água de cachoeira com hortelã macerada e curtida por três dias. O Orixá que contrapõe é EGUNITÁ. Energia ígnea (fogo). Dia da semana: quinta-feira. É homenageado em 30 de setembro.
OXUM---é a Orixá da beleza. Deusa da fecundidade, do amor e do ouro. Considerada como a protetora dos ourives. Rainha dos rios, lagos, cachoeiras, regatos e cacimbas. Mamãe Oxum é a mãe adotiva de Obaluaiyê. É ela quem cuida dos pequeninos (Ibejis) no seu colo ou na sua cama, nos rios que domina. Irradiante da linha do amor atua na vida dos seres estimulando os sentimentos de amor, fraternidade e união matrimonial. Favorece a conquista da riqueza espiritual e a abundância material. Em determinadas culturas da mitologia, ela é considerada a filha de Oxalá e Yemanjá. Pertencente à linha do Povo D’água, Mamãe Oxum é meiga e dócil, se apresentando com espelho, leque e a espada. Suas cores são o amarelo dourado, rosa e azul claro. Seus filhos usam guias de contas amarelo claro ou escuro. Sua oferenda é arroz doce, folha de colônia, pétala de rosa, cravo e canela. Também são oferendas as velas brancas, azuis e amarelas; flores, frutos e essência de rosas; champanhe e licor de cereja que devem ser entregues às margens dos rios, lagos e cachoeiras. Vibra nas energias irradiadas dos minerais. Relaciona-se ao chacra laríngeo. No sincretismo religioso simboliza Nossa Senhora da Conceição e Nossa Senhora das Graças. O Orixá que contrapõe é OXUMARÉ. Água de Oxum para lavagem de cabeça (amaci): água de cachoeira com rosas brancas maceradas e curtidas por três dias. Dia da semana: terça-feira. É homenageada em 8 de dezembro.
OBALUAIYÊ---é o Orixá que atua na evolução, sinalizando as passagens de um nível vibratório ou estágio da evolução para outro. Desperta em cada um de nós a vontade irresistível de seguir adiante, de alcançar um nível de vida superior para chegar mais perto de Deus. A evolução é uma situação pessoal. Ninguém evolui no lugar do outro ou pelo outro. E o mais importante é que ninguém evolui de forma isolada; ninguém evolui sozinho. De origem Jejê, Obaluaiyê é o Deus das doenças, tais como a varíola, a peste e as doenças da pele. Trata também do interior, ajudando no funcionamento do organismo, nas dores que sentimos pelo mau funcionamento dos órgãos, por um corte, queimadura ou traumatismo. A ele devemos a nossa saúde. Obaluaiyê estabelece o cordão energético que une o espírito ao corpo e reduz o corpo plasmático do espírito, até que fique do tamanho do corpo carnal alojado no útero materno (feto). Rege a linha das almas ou corrente dos Pretos Velhos que traz a natureza medicinal de Obaluaiyê, orixá curador. Os pontos de forças regidos por este Orixá são os cemitérios ou campos santos, lugares sagrados para os povos de todas as culturas. São os pontos de transição do espírito quando deixa a matéria e passa para o plano espiritual.
No sincretismo religioso Obaluaiyê é considerado São Roque e São Lázaro.
As cores representativas de Obaluaiyê são o branco e o preto. Os banhos deste Orixá variam de acordo com a doença ou problema do assistido (consulente), sendo ótimos para cura, energia e cicatrização.
Vibra nas energias irradiadas da terra, sendo portanto de magnetismo telúrico.
Relaciona-se ao chacra básico.
O Orixá que contrapõe é NANÃ. A oferenda para Obaluaiyê são velas brancas; vinho rose licoroso, água potável; coco fatiado coberto com mel e pipocas; rosas, margaridas e crisântemos. Tudo depositado no cruzeiro do cemitério, à beira mar ou à beira de um lago.
Água de Obaluaiyê para a lavagem de cabeça (amaci): água de fonte, rio ou lago, com folhas de louro e manjericão maceradas e curtidas por três dias. Dia da semana: segunda feira. É homenageado em 2 de novembro.
ORIXÁS CÓSMICOS
OMULU---é o Orixá que rege a morte, ou seja, o desencarne. O instante da passagem do plano material para o plano espiritual. É o guardião divino dos espíritos caídos perante as leis que dão sustentação a todas as manifestações da vida.Vida que é apenas um estágio no qual devemos adquirir compreensão para evoluir. Omulu guarda para OLORUM todos os espíritos que fraquejaram durante sua jornada carnal.
Com a morte, muda apenas a vibração, pois o plano de vida passa a ser o espiritual. Omulu é o fiel depositário do nosso corpo, quando o espírito se desprende dele. É o Orixá da terra (essência telúrica), que nos guarda até que sejamos chamados pelo nosso Senhor, OLORUM. De seu ponto de forças nos campos santos (cemitérios), coordena todas as almas após o desencarne, de acordo com a Lei Maior, mantendo-as no cemitério ou encaminhando-as ao Umbral, onde também é o regente. Ele é o Orixá que tem o recurso de paralisar todo processo criativo ou gerativo que se desvirtuar, degenerar, desequilibrar, emocionar, ou negativar. Seja nos atos desvirtuados das idéias, doutrinas, projetos, desejos, faculdades sexuais, princípios, leis, etc.
Podemos orar a Omulu para a cura de enfermidades. Ele atuará no nosso magnetismo, no nosso corpo energético, no nosso campo vibratório e no nosso corpo carnal. Curando-nos ou possibilitando o encaminhamento a um médico que fará isso.
As velas para invocar a proteção de Omulu devem ser acesas na disposição de um triângulo (com a base invertida) de forças ativas, sempre respeitando as cores em seus pontos cardeais vibracionais. Vamos dar dois exemplos. Preta, branca e roxa (oeste, leste, sul), para a vibração da fé; dourada, vermelha, roxa (oeste, leste, sul) para a vibração da justiça.
O Orixá que contrapõe é YEMANJÁ.
A água de Omulu para lavagem de cabeça (amaci): água de fonte com pétalas de crisântemo brancas maceradas e curtidas por sete dias.
OIÁ---é a Orixá do Tempo, a cronologia Divina, o meio onde tudo se realiza. Preferencialmente atua no campo religioso. Alguns confundem Oiá com Iansã e outros as unem numa só divindade, surgindo Oiá-Iansã, Senhora do Tempo, dos raios e das tempestades. Mas isto não é correto pois são duas divindades distintas. Mãe Oiá atua na ordenação da religiosidade dos seres, no campo da fé, fluindo todos no campo da contínua evolução. Atua sobre os descrentes, blasfemadores, mercadores, fanáticos e enganadores da boa fé alheia, desmagnetizando o mental desvirtuado, anulando suas faculdades, paralisando seu emocional e esvaziando-o em todos os sentimentos capitais.
Aprecia ser cultuada nos espaços abertos, ao contrário de Oxalá que aprecia ser cultuado no interior dos Templos.
Deve-se saudar Oiá no tempo, que tanto pode ser o espaço ao redor do Templo, como o jardim de casa. Também deve-se pedir suas bênçãos, seu amparo divino e sua proteção cósmica e poderosíssima firmando para ela uma vela branca e outra preta, a fim de nos isolar e proteger dos eguns que vivem soltos no tempo.
São oferendas para Oiá sete velas brancas, sete velas roxas e sete velas pretas, com cada uma das cores formando o vértice de seu triângulo de forças, que deve estar com o vértice branco voltado para quem a está oferendando. Após firmar as velas, partir um coco seco e colher sua água. Depois deposite a água dentro de uma das partes do coco e acrescenta-se licor de anis, que é sua bebida ritual. Partir um maracujá maduro ao meio e colocá-lo ao lado do coco. Após, fazer sua oração.
O Orixá que contrapõe é OXALÁ.
Água de Oiá para lavagem de cabeça (amaci): água de chuva com folhas de eucalipto e pétalas de rosa amarela maceradas e curtidas por sete dias.
OBÁ--- é uma Orixá cósmica cujo elemento original é a terra, pois ela é orixá telúrica por excelência e atua nos seres através do terceiro sentido da vida, que é o conhecimento. Desenvolve o raciocínio e a capacidade de assimilação mental da realidade visível. Atua mais no campo religioso atraindo e paralisando o ser que está se desvirtuando, justamente porque assimilaram de forma viciada os conhecimentos puros. Atuando na linha da fé, paralisa as pessoas que estão ensinando falsas verdades religiosas ou induzindo outros a darem mal uso ao que aprenderam sobre magias. Quando o ser já foi paralisado e teve seu emocional descarregado dos conceitos falsos, aí ela o conduz ao campo de ação de Oxóssi, que começará a atuar no sentido de redirecioná-lo na linha reta do conhecimento.
Se nossa mãe Obá já recolheu boa parte de seus filhos encantados que se espiritualizaram, outros ainda estão evoluindo nos dois lados da dimensão humana. Muitos dos seus filhos são alguns dos mais silenciosos exus e das mais discretas pomba giras, dos mais aguerridos caboclos e caboclas, resolutos nas suas ações, precisos nos seus conselhos. Quando sentem que o conhecimento que trazem não é assimilado por seus médiuns ou pelas pessoas que os consultam, não são de muita conversa.
Suas cores são o magenta ou terroso, parecida com a argila, e o verde escuro pois vibra também o elemento vegetal de OXÓSSI que é o orixá que a contrapõe.
Suas oferendas, quando solicitamos seu amparo, sua ajuda justa são: o coco verde, vinho licoroso tinto, água com hortelã macerada, mel ou açúcar , flores do campo, velas brancas, velas verde escuro e velas magenta, terrosa ou marrom.
Água de OBÁ para lavagem de cabeça (amaci): água de rio com pétalas de rosa branca e folhas de alecrim maceradas e curtidas por 24 horas.
OXUMARÉ---representado pelo Sagrado Arco Iris, Oxumaré é o Orixá da renovação contínua dos seres, em todos os sentidos da vida. Renovar significa tornar novo, modificar, recomeçar. Renovar aperfeiçoando, e não cultivando tristezas nem mágoas. Oxumaré atua lenta e sutilmente na vida dos seres, diluindo sentimentos, atitudes e uniões desequilibradas, direcionando estes seres até que descarreguem os acúmulos de energias negativas. Ele desfaz o que perdeu sua condição ideal de existência e deve ser diluído para ser reagregado em novas condições.
Oxumaré é identificado com Dã, a Serpente do Arco Iris, pois irradia as sete cores que caracterizam as sete irradiações Divina e que dão origem às Sete Linhas de Umbanda.
Sendo a renovação do amor na vida dos seres, e onde o amor cedeu lugar à paixão, cessa a irradiação de Oxum e inicia a de Oxumaré, que é diluidora tanto da paixão como do ciúme.
Alguns cometem um grande erro ao dar a Oxumaré a condição de andrógino (parte macho, parte fêmea). Não é aceitável que uma divindade planetária tenha essas qualidades bissexuais, que só acontecem em seres humanos com disfunções genéticas, ou com desequilíbrios emocionais ou conscienciais que fazem com que, psiquicamente eles troquem seus sinais mentais e invertam sua sexualidade.
Os seres que saíram do caminho reto e entraram nos desvios da vida e que sempre conduzem aos caminhos da morte, transitam por um mistério escuro de Oxumaré chamado de Sete Cobras ou Sete Caminhos Tortuosos. Este mistério tem os aspectos negativos e positivos.
O orixá que contrapõe é a amada mãe OXUM.
No sincretismo religioso é São Bartolomeu. Dia da semana: terça-feira. É homenageado em 24 de agosto nos Centros da Bahia.
Oferendas para Oxumaré são: uma vela branca, uma vela azul, uma vela verde, uma vela dourada, uma vela vermelha, uma vela roxa, uma vela rosa, uma vela marrom terroso.
Colocar no centro um melão aberto numa das pontas e derramar dentro dele um pouco de champanhe rose; o resto deve ser deixado na garrafa dentro do círculo de velas coloridas. Esta oferenda deve ser feita próximo de uma Cachoeira.
Acender a vela branca e circulá-la com as sete velas coloridas, guardando uma distância de 30 cm entre o centro e o círculo colorido. Deve-se, então, circundar as velas com flores multicoloridas e invocar Oxumaré, solicitando dele o que se deseja, mas que seja justo para que acelere suas evoluções, já que se pedirem coisas tortas, uma serpente começará a segui-los e, mais dias menos dias, serão picados por ela de forma tão mortífera, que os paralisará.
Água de Oxumaré para lavagem de cabeça (amaci): água de cachoeira com folhas de louro e pétalas de flores variadas curtidas por três dias.
EGUNITÁ--- é a Orixá cósmico regente do Fogo e da Justiça Divina que purifica os excessos emocionais dos seres desequilibrados, desvirtuados e viciados. O fogo de Egunitá consome as energias dos seres apaixonados, emocionados, fanatizados reduzindo a chama interior de cada um a níveis baixíssimos, tornando-os apáticos e anulando seus vícios emocionais. Como irradiadora da chama cósmica e purificadora da Justiça Divina, atua sobre os seres movidos por paixões avassaladoras e os incandesce até que comecem a consumir a si próprios.
Egunitá rege o fogo cósmico da purificação dos meio ambientes religiosos, das casas, do íntimo dos seres e das injustiças, incandescendo os seres negativados.
O Orixá que contrapõe é XANGÔ.
Oferendas: 7 velas vermelhas, 7 velas douradas, 7 velas azuis, 7 velas amarelas e l3 velas brancas. Tudo formando um losango e no solo. Dentro do losango colocar um copo com licor de menta e outro com água, uma pemba branca e outra vermelha. Após, cercar a oferenda com flores de palmas vermelhas, para só então se apresentar a Ela, solicitando que atue a seu favor com seus aspectos (qualidades, atributos) positivos que são os que a Umbanda permite.
Sempre que se oferendar à Orixá Egunitá, deve-se oferendar ‘a senhora Pomba gira do Fogo com rosas vermelhas, velas vermelhas e champanhe rose.
Água de Egunitá para lavagem de cabeça (amaci): água de fonte com pétalas de rosa cor-de-rosa, folhas de alecrim e de arruda maceradas e curtidas por três dias.
IANSÃ--- é a aplicadora da Lei na vida dos seres emocionados pelos vícios. Seu campo preferencial de atuação é o emocional dos seres, abrindo-lhes novos campos por onde evoluirão de forma menos emocional. Suas irradiações magnéticas são circulares ou espiraladas. Aplica a Lei nos campos da Justiça e é extremamente ativa. Uma de suas atribuições é colher os seres fora da lei e, com um de seus magnetismos, alterar todo o seu emocional, mental e consciência, para, só então, redirecioná-lo numa outra linha de evolução, que o aquietará e facilitará sua caminhada pela linha reta da evolução.
As energias irradiadas por Iansã densificam o mental, diminuindo seu magnetismo, e estimulam o emocional, acelerando suas vibrações. Assim o ser se torna mais emotivo e mais facilmente é redirecionado. Ela nos dá direcionamento, pois sem ela seríamos como um carro sem motorista. Quando ficamos sem saber o que fazer, que rumo tomar, não devemos sentir vergonha de pedir a mãe Iansã um direcionamento na vida. Principalmente em negócios difíceis de serem resolvidos, nos relacionamentos sentimentais, e em tudo que precisarmos de um encaminhamento correto.
A Senhora das energias puras eólicas, nos traz a vida, porque sem o ar não viveríamos.
O Orixá que contrapõe é OGUM.
No sincretismo religioso é Santa Bárbara. Dia da semana: quinta-feira. É homenageada em 04 de dezembro.
Sua oferenda são: velas brancas, amarelas e vermelhas; champanhe branco, licor de menta e de anis ou de cereja; rosas e palmas amarelas, tudo depositado no campo aberto, pedreiras, beira mar, cachoeiras.
Água de Iansã para lavagem de cabeça (amaci): água de cachoeira, rio, fonte ou chuva com rosas brancas, guiné e alecrim maceradas e curtidas por sete dias.
NANÃ--- rege sobre a maturidade e seu campo preferencial de atuação é o racional dos seres. É a divindade que acompanha nosso fim na carne, assim como nossa entrada em espírito, no mundo astral. Mãe Nanã é a maleabilidade e a decantação, é a calma absoluta, que se movimenta lenta e cadenciada. Essa calma exige silêncio; descarrega e magnetiza o campo vibratório das pessoas, que se modificam, passando a agir com mais ponderação, equilíbrio e maturidade.
Maturidade é sabedoria, é o desenvolvimento e o compartilhamento de virtudes, é o uso da razão, com simplicidade, harmonia, equilíbrio, amor e Fé. Nanã é a guardiã dos deltas e estuários, locais em que os rios são absorvidos pelo mar.
Nanã Buruquê tem uma dimensão formada por dois elementos, que são terra e água. Ela envolve o espírito que irá reencarnar em uma irradiação única, que dilui todos os acúmulos energéticos, assim como adormece sua memória, preparando-o para uma nova vida na carne, onde não se lembrará de nada do que já vivenciou. É por isso que Nanã é associada à senilidade, à velhice, que é quando a pessoa começa a se esquecer de muitas coisas que vivenciou na sua vida carnal. Assim, um dos campos de atuação de Nanã é a memória dos seres, adormecendo os conhecimentos do espírito para que eles não interfiram com o destino traçado para toda uma encarnação.
Em outra linha da vida, ela é encontrada na menopausa. No início desta linha está OXUM estimulando a sexualidade feminina; no meio está YEMANJÁ, estimulando a maternidade; e no fim está NANÃ, paralisando tanto a sexualidade quanto à geração de filhos.
No sincretismo religioso é Nossa Senhora de Sant’ana. Dia da semana: sábado. É homenageada em 26 de julho.
O Orixá que contrapõe é OBULAIYÊ.
São suas oferendas: velas brancas, roxas e rosas; champanhe rose, calda de ameixa ou de figo; melancia, uva, figo, ameixa e melão, tudo depositado à beira de um lago ou mangue.
Água de Nanã para lavagem de cabeça (amaci): água de rio ou lago com crisântemos e guiné macerados e curtidos por 72 horas.
ENCERRAMENTO
Ser filho de um Orixá significa herdar suas características e ter obrigações religiosas para com ele. Ao conhecer as características dos Orixás, é possível intuir a filiação, mas para ter certeza é preciso consultar os pais ou mães de santo, que jogam búzios para confirmar a linhagem divina. É comum ser filho de mais de um Orixá, mas um deles terá sempre uma influência mais marcante.
Esperamos ter atingido nosso objetivo que é o de esclarecer e nortear aos freqüentadores das Casas de Umbanda, sobre as Vibrações Originais da Natureza, os ORIXÁS.
Que o interesse, a necessidade, a curiosidade, ou seja, lá que motivo for, faça com que vocês procurem aprofundar neste tão envolvente e fascinante tema.
Afinal quem de nós não se emociona com pelo menos uma destas Divindades da Umbanda Sagrada?
SARAVÁ!