“Envolvendo o gérmen de um fruto, há o perisperma; do mesmo
modo, uma substância que por comparação, se pode chamar perispírito, serve de
envoltório ao Espírito propriamente dito” (Allan Kardec, em o Livro dos
Espíritos, parte 2, cap. 1 questão 93).
Por ter sido o termo criado pelo Espiritismo, ninguém melhor
que Kardec para defini-lo. É por seu intermédio que se operam no homem
fenômenos especiais, cuja causa fundamental não se encontra na matéria tangível
e que, por essa razão, parecem sobrenaturais.
Quando as coisas espirituais escapam aos sentidos corpóreos,
é através do perispírito que o espírito percebe, pois é o períspirito o órgão
sensitivo do espírito.
O homem é formado por corpo físico, perispírito e espírito.
O desencarnado é formado por perispírito e espírito.
Sendo o envoltório semimaterial do espírito, o perispírito é
também denominado de corpo fluídico ou corpo espiritual.
Semimaterial, de natureza intermédia entre o espírito e o
corpo. É preciso que seja assim para que os dois possam se comunicar um com o
outro. Por meio desse “laço” é que o espírito atua sobre a matéria e
reciprocamente.
Tem sua origem no fluido cósmico universal, retirado do
mundo ou plano ao qual o espírito está relacionado.
O perispírito liga o espírito à matéria e a ele serve de
instrumento para agir sobre o plano material. Guarda os registros dos efeitos
de toda ação e os envia ao Espírito. É o arquivo definitivo de todas as
passagens da entidade pelo processo evolutivo. Permite que os Espíritos se
identifiquem e reconheçam uns aos outros, no plano espiritual. É, portanto, o
guardião fiel, o acervo imperecível do nosso passado.
Enfim, o perispírito é o molde, a fôrma do corpo material.
Para que ocorra a encarnação do espírito, um laço fluídico (que é uma expansão
do perispírito) se liga ao óvulo fecundado e vai permitindo a multiplicação das
células, dirigindo a formação do corpo.
Quando o corpo se completa, está inteiramente ligado ao
perispírito, molécula a molécula.
Durante a encarnação o perispírito serve de intermediário
entre o espírito e a matéria transmitindo ao espírito as impressões dos
sentidos físicos e comunicando ao corpo as vontades do espírito.
Quando o corpo físico morre, o perispírito dele se desprende
e continua a servir ao espírito, como seu corpo fluídico. É o intermediário
entre o plano espiritual e o material.
Segundo Kardec, geralmente a aparência que o perispírito
guarda é a da última encarnação, podendo ser modificada porque a substância
sutil do perispírito é maleável e plasmável. Portanto ele é mutável, evoluindo
e adaptando-se a cada plano espiritual.
O perispírito acompanha o espírito sempre, em todas as
etapas de sua evolução. Torna-se mais etéreo (puro, sublime) à medida que o
espírito se aperfeiçoa e eleva.
Nos espíritos puros, já tornou tão etéreo que, para os
nossos sentidos, é como se não existisse.
Conforme a evolução do espírito, seu perispírito apresenta
diferentemente o peso, a densidade e a energia.
O peso é o que fixa o perispírito a um plano de vida
espiritual em companhia dos que lhes são semelhantes.
A densidade é que responde pela sua maleabilidade.
A energia revela-se na luminosidade e irradiação. Ela é
maior quanto mais evoluído for o espírito.
Quando dizemos “espírito de luz”, refere-se ao espírito que
já apresenta considerável grau de evolução.
Espíritos inferiores tem perispírito mais grosseiro e, por
isso, ficam imantados ao mundo que habitam, sem poderem alçar a planos mais
evoluídos. Alguns chegam a confundir seu
perispírito com o corpo material e podem experimentar sensações comparáveis às
do frio, calor, fome, cansaço.
Os espíritos superiores, ao contrário, podem livremente ir a
outros mundos, fazendo modificações em seu perispírito, para adaptá-lo ao tipo
fluídico do mundo aonde vão.
Quando através do sono ou do desdobramento mediúnico o
espírito vai ao plano espiritual, é através do laço (expansão do perispírito)
que somos identificados como encarnados, pois este prende o perispírito ao
corpo físico.
Afirmam os Espíritos que durante o sono, afrouxam-se os
laços que o prendem ao corpo e, não precisando este então da sua presença, ele
se lança pelo espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos.
Durante o sono esse laço se afrouxa e na morte ele é
rompido. A alma é liberta parcialmente do corpo, durante o sono. Quando dorme,
o homem se acha por algum tempo no estado em que fica permanentemente depois
que morre.
Portanto concluímos que perispírito é o traço de união entre
a vida corpórea e a vida espiritual.