31 de julho de 2013

OBALUAÊ


"Atotô Obaluaê!"



Obaluaê ou Omulu como é conhecido em sua forma mais velha, é o Orixá que controla as doenças, aquele que deve ser procurado para se controlar as epidemias e doenças inexplicáveis.
 Obaluaê é um deus do Daomé, diferente dos Orixás Iorubas que são alegres, próximos e se assemelham a humanos. A aproximação desse Orixá geralmente causa temor. Omulu castiga quem maltrata seus filhos de santo, ou desrespeita sua divindade com doenças e até morte. Não cobre seu rosto apenas pela deformação de suas chagas, mas por causa do respeito que devemos ter mediante a sua figura.
Entretanto Obaluaê é um Orixá que pode ser um pai bondoso e fraternal para aqueles que se tornam merecedores através de gestos humildes, honestos e leais.
A diferença entre Obaluaê e Omulu é apenas a idade astral do Orixá. São dois tipos do mesmo orixá que na verdade se chama Xapanã.
Porém esse nome não deve ser mencionado nem muito menos chamado, pois atrai a desgraça em toda sua plenitude, pois nos tira do respeito e devoção ao Orixá (como foi falado no início da postagem).

Obaluaê foi gerado por Nanã, que não conseguindo suportar criar um filho coberto de chagas e com uma perna menor que a outra, o abandonou na areia do mar. Ao ver a criança que foi deixada por Nanã na porta de seu reino, Iemanjá tomou o menino e o criou como filho, cuidando de suas chagas e cobrindo lhe com palha.
Obaluaê tem um dom especial para a cura quando feliz, e também o dom de gerar doenças e epidemias malignas como a malária que devastavam povos inteiros.
 Quando Obaluaê atingiu a idade adulta, Iemanjá resolveu unir o filho à sua mãe Nanã. Já que a mágoa de ter sido abandonado, e a vergonha de não poder se mostrar por ter o corpo coberto de chagas, o fazia despejar desgraças sobre a terra.
 Ao perdoar Nanã que se arrependia muito de ter abandonado seu filho à sorte, Obaluaê tornou-se um Orixá mais compreensível e encontrou um reino onde mesmo temendo sua presença, foi reverenciado.
 Iansã era uma mulher muito curiosa, de todos queria noticias e tudo queria saber. Apenas um segredo ela não conseguia descobrir, o fato de Obaluaiê andar coberto de palha, apenas se viam seus braços e pernas e nunca ninguém vira seu rosto. Iansã perguntava a todos o porque disso e sempre lhe diziam que como tinha o corpo e o rosto coberto de chagas, ele não gostava de mostrar ao mundo a sina que o acompanhava. Essas explicações vindas de todos os lados a deixavam mais curiosa ainda. Passou a perseguir Obaluaê obsessivamente, aonde ele ia, disfarçadamente ia atrás. Um dia quando estava quase desistindo, sentia-se cansada, sentou-se aos pés de uma grande árvore e adormeceu. Acordou com o ruído do farfalhar de palhas que sempre acompanhava seu perseguido que estava molhando os pés num pequeno riacho muito perto dela e não a tinha percebido. Finalmente descobriria o que há meses a torturava. Ergueu as mãos para o céu e chamou pelos ventos que sempre a auxiliavam. Eles vieram e numa lufada forte envolveram Obaluaê, que despreparado, não pode impedir que a palha se levantasse deixando seu corpo exposto. Mas no mesmo momento o vento fez com que as feridas que cobriam o corpo de Obaluaê virassem pipoca que se espalhou pela terra trazendo cura para todas as doenças. Para sua surpresa, no corpo debaixo da vestimenta, não havia uma só chaga, mas sim uma beleza radiosa, todo o corpo do rapaz brilhava numa cor de cobre que o sol acentuava. O que ele escondia não era a vergonha de um corpo disforme e sim a beleza infinda que a todos faria inveja. Desse dia em diante Iansã não mais perseguiu Obaluaiê, mas sempre que o encontrava suspirava pela beleza que nunca mais esqueceu.
Obaluaê se casou com Ewá.

No sincretismo Obaluaê é São Lazaro, que também sofreu com feridas espalhadas no corpo e teve estas tratadas por cachorros. Motivo também pelo qual Obaluaê não é só comemorado no dia 16 de Agosto, mas também no dia 17 de Dezembro.

Obaluaê é o dono da Terra. Onde houver terra firme, Obaluaê já pisou. Ele é o último que cela as covas dos desencarnados, pisando na terra para que a torne firme e esteja pronta para se fortificar da matéria que vai se decompor.