Na linguagem comum, a palavra
“caboclo” designa o homem nativo, às vezes mestiço de branco com indígena. Mas
na Umbanda o significado é outro.
Os espíritos que se apresentam na
Umbanda como Caboclos assumem a forma plasmada de índios, boiadeiros, mestiços
e nativos de uma terra chamada Brasil e de outras regiões do globo.
Nutriam uma forte relação de amor
e de respeito à natureza e muito contribuíram com seus conhecimentos e valores
morais e culturais para a formação da nossa Pátria.
Portanto, nem todo Caboclo foi
necessariamente um indígena. Os espíritos que atuam na Umbanda como Caboclos
têm origens culturais e religiosas diversas. São espíritos muito esclarecidos e
caridosos, assim como os Pretos Velhos.
Enfim, no decorrer de encarnações,
elevaram-se e vem na Umbanda para auxiliar os irmãos enfermos da alma e do
corpo. Muitos são escolhidos pela Espiritualidade para serem os Guias-Chefes
dos Terreiros ou então de seus Médiuns.
Todos os Caboclos são regidos por
um Mistério maior que pertence ao Trono do Conhecimento, que está sob a
regência do Orixá Oxossi. Mas cada Caboclo ou Cabocla vem na irradiação de um
ou mais Orixás, pois eles próprios são “filhos” de determinado Orixá e perante
outros Orixás foram iniciados para trabalharem em seus Mistérios.
Exemplos: Caboclo Pena Branca –
de Oxossi e Oxalá;
Caboclo Pena Dourada – de Oxossi
e Oxum;
Caboclo do Mar – de Iemanjá;
Caboclo Sete Montanhas – de Oxalá
e Xangô.
Existem várias Falanges de
Caboclos. O que lhes dá a “patente” de Caboclo é o seu grau de elevação perante
as Leis do Criador. São espíritos que habitam da 4ª Faixa Vibratória Positiva
para cima e que trazem no íntimo um profundo senso de fraternidade e irmandade
para com toda a Criação Divina.
São espíritos evoluídos que
optaram por apresentar-se dentro do arquétipo do homem nativo, aquele que
sempre viveu em contato direto com a natureza e que já trazia consigo um
profundo senso de amor e respeito por todos os seres e elementos à sua volta
(terra, água, plantas, animais, pedras) e de harmonia com todas as forças e
fenômenos naturais (sol, lua, chuva, dia, noite, estações climáticas).
Na linhagem dos Caboclos
encontramos os Boiadeiros, que na Umbanda conduzem os “bois” que se desgarraram
e se desviaram da grande corrente evolucionista humana, as pastagens tranquilas
e seguras. É para buscá-los de volta e reincorporá-los, mesmo que à força (o
laço e o chicote), que os Boiadeiros (Caboclos de Ogum ligados ao Tempo)
existem.
Na Linha do Tempo, atuam sob a
regência de Mãe Oiá. Recolhem e encaminham para o seu local de merecimento
todos os espíritos que se negativaram, se perderam.
Os Boiadeiros não são apenas
espíritos de vaqueiros ou peões. São grandes resgatadores de “bois” rebelados
contra a Lei Maior. Espíritos que não aceitam os “cabrestos” criados por Ela.
“Utilizam de suas forças para educar os “xucros” e arredios”, difíceis de serem
domados e domesticados. São regidos em um de seus Mistérios pelo Orixá Ogum que
é o senhor das demandas.
“Boi” é o próprio ser humano em
desequilíbrio, os espíritos encarnados e os desencarnados necessitados de
auxílio.
Os Boiadeiros, esses Caboclos de
Ogum demandam com as forças das trevas pela libertação e reerguimento
consciencial dos espíritos, amparados por nossa Divina Mãe Iansã. Esses
exércitos de espíritos “montados em seus cavalos” vigiam tudo o que acontece
nos campos da Lei Maior e sempre estão prontos e alertas para socorrer os
necessitados.
Ao bater no peito os Caboclos
ativam o chacra cardíaco do Médium e equilibram suas emoções, possibilitando a
efetivação de um bom trabalho espiritual.
Ao estenderem o braço em direção
ao Congá (Altar) os Caboclos lançam uma “flecha energética” que ativa os
poderes e forças assentados e firmados no Terreiro, conforme a necessidade do
trabalho espiritual a realizar.
Cada Caboclo emite um som
(assobios e brados), de acordo com o trabalho que vai realizar, liberando
bloqueios energéticos dos Médiuns e consulentes. Os assobios traduzem sons
básicos das Forças da Natureza.
Enfim, os Caboclos conhecem como
ninguém o Reino Vegetal e podem nos ensinar o valor e a melhor utilização das
ervas e dos alimentos vindos da terra.
Também são grandes conhecedores
da Magia. Nos seus trabalhos costumam utilizar pembas, velas, essências,
flores, ervas, pedras, frutas, vinho, sumo de ervas, raízes, cipós e sementes.
Usam charutos e fumos à base de
ervas para defumar o ambiente e as pessoas presentes, recolhendo e
neutralizando as cargas densas que os envolvam.
São guerreiros corajosos,
valentes, simples, honrados, justos e harmonizados com as Forças da Mãe
Natureza.
Quando incorporados em seus
Médiuns, nos imantam com essas fortes energias e nos estimulam a conseguir
nossos objetivos.
Por serem grandes doutrinadores e
disciplinadores, são muito atuantes na orientação de sessões de desenvolvimento
mediúnico, uma vez que os Guias Espirituais agem principalmente sobre o mental
do Médium, através do chacra frontal, regido por Pai Oxossi, justamente o Orixá
regente do Mistério Caboclo.
Atuam também na quebra de
demandas, na solução de problemas psíquicos e materiais e nas desobsessões,
entre outros trabalhos espirituais de Umbanda. Utilizam de vários recursos
magísticos em que são iniciados.
A presença dos Caboclos nas Giras
de Umbanda nos leva a refletir sobre a importância do meio natural que nos
acolheu e nos ajuda a compreender que somos parte da Criação Divina e, por isso
mesmo, precisamos viver em harmonia com o Todo. Eles são um exemplo de forma de
vida simples, natural, livre de preconceitos e artifícios, de arrogância e de vaidade.
Sua atuação junto a nós é libertadora, própria daqueles que evoluíram.
OKÊ, CABOCLO!